Mãe!
Como falar de um filme de conteúdo tão complexo, interpretativo e vasto, como "Mãe!", sem revelar informações vitais que podem estragar a experiência do espectador, caso ele descubra antes de assistir? Confesso que é uma missão bem difícil, mas vou tentar executar da melhor forma possível.
Para começar, podemos dizer que o filme é uma grande analogia. Do que? Ah, assista e descubra por você mesmo. Até porque, imagino que caiba mais de uma interpretação diferente para o longa.
Mas antes, vamos falar da parte técnica. Estamos aqui diante de um filme que é um primor visual em todos os aspectos possíveis. Repleto de ângulos de câmera extremamente fechados nos rostos de seus atores, imagens fortes e impactantes, e visual claustrofóbico. Tudo friamente calculado para dar ao espectador a sensação de desconforto e desconfiança.
O diretor Darren Aronofsky, que também assina o roteiro do longa, trabalha com meticulosidade nesta obra. O provérbio alemão "o diabo mora nos detalhes" faz muito sentido nesse filme. Absolutamente todos os elementos que estão em cena servem para algum propósito narrativo, desde uma rachadura despretensiosa na parede da casa, até a floresta que a cerca. Se em "Cisne Negro" o diretor já flertava com o simbolismo e as analogias metafóricas, aqui, ele se esbalda sem pudor. Tudo no filme, quer dizer algo a mais do que os olhos podem ver.
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Jennifer Lawrence é o destaque do filme, em um papel bem diferente dos seus últimos trabalhos. |
O mesmo esmero de Aronofsky aos detalhes, também é dedicado aos atores sob seu comando. Javier Bardem entrega uma atuação competente e pontual, como sempre. O mesmo pode ser dito de Ed Harris e Michelle Pfeiffer. Especialmente essa última, que entrega uma atuação deliciosamente enigmática e por vezes inconveniente. Porém, o maior destaque é Jennifer Lawrence, desempenhando um papel bem diferente das mulheres fortes de seus últimos trabalhos. Com uma atuação envolvente e marcante, a atriz prova mais uma vez (na verdade nem precisava) que é uma das joias mais raras de Hollywood.
Sobre a trama, há muito pouco que possa se dizer, já que todas as cenas do filme são uma analogia ou simbolismo para algo maior. Apenas na reta final, o filme abandona essa linguagem metafórica e parte para uma abordagem mais explícita, entregando cenas realmente perturbadoras e gráficas. Logo, não é um filme recomendável para aqueles de estômago ou coração fraco.
Em resumo, trata-se de uma obra tecnicamente e visualmente impecável. E uma vez entendida a real proposta do filme e o que ele quer contar, a trama e o enredo tornam-se absolutamente brilhantes. Um longa que vai te manter pensando e debatendo por muito tempo depois de assisti-lo. E pode até mesmo mudar a sua concepção em relação a alguns temas delicados na nossa sociedade.
Se ainda ficou alguma dúvida se o filme deve ser assistido, eu respondo: SIM - e mais de uma vez.
Nota 5/5 - Excelente!
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