Planeta dos Macacos: A Guerra


O que nos faz humanos? O que nos diferencia dos animais? Como humanos, por vezes somos capazes de atos indizíveis. Enquanto animais, são capazes de praticar compaixão.

Planeta dos Macacos: A Guerra, é muito mais do que um filme sobre o confronto entre primatas e humanos. É um filme que questiona o que é a humanidade, na concepção espiritual da palavra. Fui ao cinema esperando um filme "pipoca" e me deparei com um longa reflexivo e pesado sobre as atitudes que nos tornam humanos ou animais.

Na trama, César (em mais uma interpretação visceral de Andy Serkis, pra variar) tem a missão de liderar seus semelhantes primatas a uma terra onde encontrem a paz. Do outro lado, temos o Coronel (numa interpretação cruel, fria e realista do excelente Woody Harrelson) que tem a missão pessoal de exterminar todos os macacos. São dois personagens fortes e com um propósito. Até que eles, inevitavelmente, se colidem.


As interações entre Cesar e o Coronel são o ponto alto do filme.
E nessa colisão, o filme revela seu verdadeiro propósito: ele quer te entreter, mas também quer te fazer pensar. Seja na cena em que ocorre uma brutalidade, enquanto toca o hino nacional americano, ou nos takes fechados dos rostos do Coronel e de Cesar, nos quais percebemos que tratam-se de seres que carregam nas cicatrizes e no olhar uma pesada bagagem de sofrimentos, pesares, responsabilidades e ódio. Muito ódio. Durante o filme, vemos os dois personagens tomarem atitudes em prol do que acreditam. E a linha entre o humano e o animal, o macaco e o homem, vai ficando tão tênue, que em determinado momento você já não sabe mais quem é quem.

E, ao fim, o filme te deixa com uma sensação de ter levado um soco no estômago. O longa vem, te acerta e te deixa no chão, sem ar, incomodado e desconcertado, pensando ainda mais sobre a realidade em que vivemos hoje. E pode existir maior êxito em uma obra de ficção, que o de incomodar a sua realidade?

Resumindo: o longa é uma obra-prima em todos os sentidos. A fotografia é magnífica, os takes são belíssimos, a trilha é magistral, as atuações são extremamente competentes, os efeitos são soberbos e a direção é firme e segura.

Depois de encerrada a sessão, não pude deixar de pensar que se o diretor Matt Reeves conseguiu extrair esse suprassumo de Planeta dos Macacos, então ele vai se esbaldar com seu filme do Batman. Afinal de contas, todo o rico material das HQs é mais do que suficiente para que tenhamos o longa definitivo do Homem-Morcego: visceral, profundo, emocional e sombrio. O que os fãs querem ver.

E a julgar pelo trabalho de Matt Reeves até aqui, as expectativas não poderiam estar mais altas.


Nota 4/5 - Muito Bom!

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