SOBRENATURAL: A ÚLTIMA CHAVE


Curto muito filmes de terror. E aqueles com tema de espíritos são os que mais me assustam. Então obviamente não poderia deixar de conferir o quarto filme da lucrativa franquia de terror "Sobrenatural", iniciada em 2010 pelas mentes do diretor James Wan e do roteirista Leigh Whannell, também responsáveis por Invocação do Mal e Jogos Mortais. 

Em "A Última Chave", acompanhamos a médium Elise Rainier (Lin Shaye), que se vê obrigada a voltar à sua cidade natal para enfrentar seus demônios do passado - literalmente - que estão assombrando a casa onde ela cresceu. Para essa missão, ela contará com a ajuda de seus dois "psych-kicks", Tucker e Specs, que representam o lado cômico do longa.

Embora seja extremamente interessante conhecer melhor a história e o passado de Elise (e o carisma de Shaye contribua muito para a nossa empatia com a personagem), o filme tropeça dentro da própria premissa, com um roteiro cheio de furos enormes, personagens rasos e questões levantadas para serem descartadas posteriormente, substituídas por soluções fáceis.

Obviamente não entrarei no assustador terreno dos spoilers aqui, mas basta dizer que os longas anteriores (principalmente o segundo) souberam flertar melhor com o quebra-cabeças que a trama quer compor, sempre entregando partes que conectam os filmes da franquia de formas muitas vezes brilhantes. Neste sentido, o primeiro e segundo filmes conversam bem entre si. O terceiro, trata-se de uma prequel, que narra eventos anteriores ao original. E este, é uma sequência da prequel, que com exceção à história do passado da protagonista, adiciona pouco à franquia e une as tramas de forma preguiçosa e pouco inspirada. 

No começo ele até assusta, mas depois é só ladeira abaixo...
O vilão é outro ponto negativo neste filme. No original, temos o "Demônio Vermelho", que me traumatizou e me assombra até hoje. Na continuação, somos apresentados ao espírito de Parker Crane "A Noiva de Preto" e sua mãe fantasma. Já no terceiro filme, conhecemos o decrépito "Velho com respirador". Em "A Última Chave", temos um antagonista a princípio assustador, mas que conforme a trama se desenrola, vai ficando mais fraco e menos memorável do que os demônios e espíritos dos filmes anteriores. Até que, no terceiro ato, descobrimos suas intenções e ele acaba se tornando ainda mais vago e indiferente, com seus poderes sendo resumidos a apenas gritar e ter dedos em forma de chaves. Enfim, o medo é relativo. Mas neste caso...

Vale ressaltar, no entanto, que embora esse seja o mais fraco de toda a franquia, ainda assim encontra-se num pedestal mais elevado do que os demais filmes de terror que vemos atualmente. Poucos longas conseguem manter a tensão com qualidade, durante toda a projeção, como esses da franquia "Sobrenatural". As cenas de suspense, como sempre, são muito bem construídas e executadas. E o filme consegue brincar com as suas expectativas, de modo que os sustos nunca vêm de onde se espera.

O único problema é que, ao final, você percebe que ficou tenso e assustado por quase nada. Ao contrário dos traumatizantes filmes anteriores, este é esquecível e até mesmo preguiçoso. Há quem diga que a função de um filme de terror é te deixar assustado somente durante a projeção. Pode ser verdade. E se você também pensa assim, assista "Sobrenatural: A Última Chave". 

Admito que pode ser que as minhas expectativas fossem altas demais. Mas sinceramente, perder as chaves de casa me parece muito mais assustador do que ver esse filme. Pensando bem, no fim das contas um demônio com chaves no lugar dos dedos pode até ser útil nessas horas.

Nota: 3/5 - Bom

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